Crônica X Conto
Semana passada, duas alunas (de escolas diferentes, diga-se de passagem!) questionaram-me sobre a diferença entre crônica e conto.
Na sala de aula, fiz a explicação da diferença básica, mas acabei pesquisando um pouco sobre o assunto. E o resultado estou compartilhando aqui com vocês.
Espero que aproveitem!
crô.ni.ca
s. f. 1. Narração histórica, por ordem cronológica. 2. Seção ou coluna, de jornal ou revista, consagradas a assuntos especiais.
con.to.1
s. m. 1. Narração falada ou escrita. 2. História ou historieta imaginadas. 3. Fábula. 4. Mentira inventada para iludir indivíduos rústicos; engodo, embuste. — C.-do-vigário: embuste para apanhar dinheiro das pessoas de boa-fé.
O Conto é a forma narrativa, em prosa, de menor extensão (no sentido estrito de tamanho), ainda que contenha os mesmos componentes do romance. Entre suas principais características, estão a concisão, a precisão, a densidade, a unidade de efeito ou impressão total – da qual falava Poe (1809-1849) e Tchekhov (1860-1904): o conto precisa causar um efeito singular no leitor; muita excitação e emotividade.
Crônica, é o único gênero literário produzido essencialmente para ser veiculado na imprensa, seja nas páginas de uma revista, seja nas páginas de um jornal. Quer dizer, ela é feita com uma finalidade utilitária e pré-determinada: agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma familiaridade entre o escritor e aqueles que o lêem. A crônica é, primordialmente, um texto escrito para ser publicado no jornal. Assim o fato de ser publicada no jornal já lhe determina vida curta, pois à crônica de hoje seguem-se muitas outras nas próximas edições.
Basicamente, o que diferencia o conto da crônica é a densidade poética.
O conto é pesado, a crônica é leve. O conto deve provocar e inquietar, a crônica deve entreter e deleitar. A crônica é a prosa curta, amena e coloquial, com toques de malícia e humor, sobre os fatos políticos da atualidade ou sobre os hábitos e costumes dos diversos segmentos sociais. O conto é todo o resto, é toda a prosa curta que não é crônica.
No conto a história é completa e fechada como um ovo. É uma célula dramática, um só conflito, uma só ação. A narrativa passiva de ampliar-se não é conto.
Poucas são as personagens em decorrência das unidades de ação, tempo e lugar. Ainda em conseqüência das unidades que governam a estrutura do conto, as personagens tendem a ser estáticas, porque as surpreende no instante climático de sua existência. O contista as imobiliza no tempo, no espaço e na personalidade (apenas uma faceta de seu caráter).
A crônica é um gênero híbrido que oscila entre a literatura e o jornalismo, resultado da visão pessoal, particular, subjetiva do cronista ante um fato qualquer, colhido no noticiário do jornal ou no cotidiano. É uma produção curta, apressada (geralmente o cronista escreve para o jornal alguns dias da semana, ou tem uma coluna diária), redigida numa linguagem descompromissada, coloquial, muito próxima do leitor. Quase sempre explora a humor; mas às vezes diz coisas sérias por meio de uma aparente conversa – fiada. Noutras, despretensiosamente faz poesia da coisa mais banal e insignificante.
E, finalmente, a crônica é o relato de um flash, de um breve momento do cotidiano de uma ou mais personagens. O que diferencia a crônica do conto é o tempo, a apresentação da personagem e o desfecho.
No conto, as ações transcorrem num tempo maior: dias, meses, até anos, o que não se dá na crônica, que procura captar um lance curioso, um momento interessante, triste ou alegre. No conto, a personagem é analisada e/ou caracterizada, há maior densidade dramática e freqüentemente um conflito, resolvido em desfecho. Na crônica, geralmente não há desfecho, esse fica para o leitor imaginar e, depois, tirar suas conclusões. Uma das finalidades da crônica é justamente apresentar o fato, nu, seco e rápido, mas não concluí-lo. A possível tese fica a meio caminho, sugerida, insinuada, para que o leitor reflita e chegue a ela por seus próprios meios.
Pesquisar,correr atrás da informação,do conhecimento, por várias vias,é o melhor instrumento para combater o modismo,a blasfêmia,oo marasmo.Adorei a elucidação que deste para quem precisa de apoio.
ResponderExcluirADOREI FAZER A PESGUISA QUAL A DIFERENÇA DE CRÔNICA E CONTO APRENDI MUITAS COISAS!! ADORO IMAGINAR E PARA MIM GOSTEI MAIS DE CONTOS!!!TUDO NA VIDA TEM UM PORQUE E UM FATO!!!!! O MEU MUITO OBRIGADO!!!! BJJJJJJJJJJJ ALDA ELAINE........
ResponderExcluirProfessora Ana, também sou blogueiro e estudante de jornalismo. Pesquisando a fundo a diferença de conto e crônica, achei seu blog e adorei todo ele. Você está de parabéns.
ResponderExcluirAqui vai o link do meu blog, qdo possível queria qe você desse uma olhadinha lá.
http://oserliberto.blogspot.com/
Parabéns e obrigado por no mundo existir pessoas como você.
o jacaré é fi do pedim
ResponderExcluiressa pesquisa me ajudou bastante,em redação.
ResponderExcluir"O conto deve provocar e inquietar, a crônica deve entreter e deleitar". Gostei da pesquisa, a não ser por essa parte. Essa afirmação fica meio duvidosa quando lemos "A última Crônica". Pelo que li, ela não visa só entreter ou deleitar...ela faz com que reflitamos sobre a condição social dos indivíduos, assim como os papeis delimitados pela sociedade para determinados individuos marginalizados. Ela vai muito além de entreter, ela busca uma profunda reflexão através de um forte "apelo" emocional qdo caracteriza as cenas detalhadamente (caracteristica do conto). Creio, empiricamente, que esses conceitos estão demasiadamente ultrapassados, visto que os gêneros cada vez mais assumem características dos outros, ficando difícil falar com precisão de cada um deles. Mas, essa é minha opinião como mera leitora. No mais, a pesquisa é uma ótima fonte de conhecimentos para alunos da educação básica.
ResponderExcluirAssim como a crônica, o conto é um texto literário e, como tal, deve cumprir uma das funções da literatura, que consiste em levar o leitor à reflexão. Logo,a afirmação da autora do blog é pertinente, visto que é sabido por todos a função de todo e qualquer texto literário. Ou não????
ExcluirSua explanação concisa e detalhada, me ajudou muito.Obrigada!
ResponderExcluirLílica
A explicação foi muito boa!! Obrigada!
ResponderExcluirExcelente, deixou claro o que a professora não conseguiu. Vou levar pra ela e pra turma pra ajudar =)
ResponderExcluirSite muito bom, principalmente para eu que sou ainda um estudante.
ResponderExcluirMuito obrigado!
Gosteii é muito legal..Obrigada pela ajudaa!!
ResponderExcluir:*
Interessante que na crônica do Homem nu de Fernando Sabino a preocupação inicial da dívida econômica troca-se pela bizarra situação e preocupação final, deve ser a polícia, não, era o cobrador mesmo. Uma das melhores crônicas que já li. Queria escrever um pouco assim.
ResponderExcluirBaita explicação! Parabéns!
ResponderExcluirAlias, por falar em crônicas, eu escrevo em um blog. Gerencio um espaço chamado Futilidade Telepática, e sugiro-lhe a leitura (hehe). Fica o convite para a leitura e um comentário.
Valeu!
O endereço é futilidadetelepatica.com
Boa leitura.
Ana Gabriela, grato pela forma simples e objetiva que expõe as várias diferenças das narrativas, pois gosto muito de escrever e andava à deriva sobre as diferenças e assim fiquei esclarecido. Tudo de bom para sua carreira profissional, pois é das mais complexas na área da cultura.
ResponderExcluirMuito boa a pesquisa, pois trouxe várias informações que ajudam na diferenciação entre a crônica e o conto. Mas acredito que depois da leitura desse artigo essa dúvida se tornou mais clara. Obrigado!
ResponderExcluirMuito bom. Parabéns!
ResponderExcluirmto. boa a diferenciação; sempre tive dúvidas - agora consegui entender. Valeu!
ResponderExcluirClassifiquei corretamente nos meus rabiscos no Recanto das Letras o que é Crônica/Contos? Diga-me por favor, se estou no caminho certo.Obrigada! Um abraço,
ResponderExcluirMuito bom, farei um trabalho de Português amanha e usarei essa sua pesquisa .
ResponderExcluirgostei muito da pesquisa
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