quarta-feira, 28 de outubro de 2009

E agora José?

As questões a seguir referem-se ao texto abaixo:


E AGORA, JOSÉ?

A festa acabou,


a luz apagou,

o povo sumiu,

a noite esfriou,

e agora, José ?

e agora, você ?

você que é sem nome,

que zomba dos outros,

você que faz versos,

que ama protesta,

e agora, José ?



Está sem mulher,

está sem discurso,

está sem carinho,

já não pode beber,

já não pode fumar,

cuspir já não pode,

a noite esfriou,

o dia não veio,

o bonde não veio,

o riso não veio,

não veio a utopia

e tudo acabou

e tudo fugiu

e tudo mofou,

e agora, José ?



E agora, José ?

Sua doce palavra,

seu instante de febre,

sua gula e jejum,

sua biblioteca,

sua lavra de ouro,

seu terno de vidro,

sua incoerência,

seu ódio - e agora ?



Com a chave na mão

quer abrir a porta,

não existe porta;

quer morrer no mar,

mas o mar secou;

quer ir para Minas,

Minas não há mais.

José, e agora ?



Se você gritasse,

se você gemesse,

se você tocasse

a valsa vienense,

se você dormisse,

se você cansasse,

se você morresse…

Mas você não morre,

você é duro, José !



Sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,

sem teogonia,

sem parede nua

para se encostar,

sem cavalo preto

que fuja a galope,

você marcha, José !

José, pra onde ?


1. José teria, segundo o poeta, possibilidades de alterar seu destino. Essas possibilidades estão sugeridas:
a) na 5ª e 6ª estrofes
b) na 1ª, 2ª e 3ª estrofes
c) na 3ª, 4ª e 6ª estrofes
d) na 4ª e 5ª estrofes
e) n.d.a.

2. Só não é linguagem figurada:
a) sua incoerência, seu ódio
b) seu instante de febre
c) seu terno de vidro
d) sua lavra do ouro
e) n.d.a.

3. Das possibilidades sugeridas pelo poeta para que José mudasse seu destino, a mais extremada está contida no verso:
a) "se você tocasse a valsa vienense"
b) " se você morresse"
c) José, para onde?"
d) "quer ir pra Minas"
e) n.d.a.

4. Para o poeta, José só não é:
a) alguém realizado e atuante
b) um solitário
c)um joão-ninguém frustrado
d)alguém sem objetivo e desesperançado
e) n.d.a.

5. "A noite esfriou" é um verso repetido. Com isso o poeta deseja:
a) deixar bem claro que José foi abandonado por que fazia frio
b) traduzir a idéia de que José sentiu frio porque anoiteceu
c) exprimir que, após o término da festa, a temperatura caíra
d)intensificar o sentimento de abandono, tornando-o um sofrimento quase físico
e) n.d.a.

6. O verso que exprime concisamente que José é "ninguém" é:
a) "você que faz versos"
b) "a festa acabou"
c) "você que é sem nome"
d) "que zomba dos outros"
e) n.d.a.

7. O verso que expressa essencialmente a idéia de um José sem norte é:
a) "José, para onde?"
b) "sozinho no escuro"
c) "mas você não morre"
d) "e tudo fugiu"
e) n.d.a.

8. Assinale a alternartiva falsa a respeito do texto:
a) José é alguém bem individualizado e a ele o poeta se dirige com afetividade
b) O ritmo dos versos da quinta estrofe é dançante
c) "sem alegoria" signific "sem deuses", "sem credo", "sem religião"
d) os versos são em redondilha menor porque tal ritmo se ajusta perfeitamente à intimidade, singeleza e espontaneidade das idéias.
e)n.d.a.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Oficina Chico Buarque






Música pr’aprender brasileira

Introdução

A música popular tem um espaço especial da vida de todos os brasileiros, seja qual for sua idade, classe social ou região de moradia. Assume formas diversas, bebendo em fontes tradicionais (como o samba, o choro, o baião, o forró, o xote, a marcha), incorporando novas tendências (música estrangeira, eletrônica, sampler) ou criando fórmulas mercadológicas para fazer sucesso e vender muitos discos.

Personagem de nossa cultura e de nossa história, a música brasileira não tem por que ficar fora da sala de aula. Além de ser um item indispensável na formação integral do cidadão brasileiro, ela pode funcionar como um fantástico instrumento de comunicação para a apreensão de conteúdos tradicionais.

As atividades sugeridas foram pensadas para alunos do ensino fundamental, a partir da 7ª série, e do ensino médio. Mas as ideias podem e devem ser adaptadas de acordo com a idade dos alunos, seu estágio de desenvolvimento e compreensão.

A linguagem musical atinge a percepção humana de uma forma diferente. Não é à toa que os alunos, e até alguns professores, recorrem a musiquinhas para facilitar a tarefa de "decorar" conteúdos. A apreensão de uma mensagem acompanhada de melodia se dá de outra forma, mais profunda do que a compreensão intelectual. A música, linguagem não-verbal, atinge o terreno das emoções, da intuição, das nossas capacidades não-racionais.

Professores de educação artística estão cansados de saber disso e utilizar a música para trabalhar diversos aspectos da expressão, desenvolvimento motor, concentração, disciplina e outras habilidades importantes para os alunos. Nossa intenção, aqui, não é enveredar pela complexa discussão da linguagem musical e suas aplicações. O objetivo é bem mais simples: valer-se da música como ponte para trabalhar conteúdos diversos.

Vamos nos centrar em temas transversais ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e História. Veremos que a música abre infinitas janelas para a construção do conhecimento.

Lorenzo Aldé, jornalista

Desconstruindo Construção

Apresentação

Para começar, é indispensável, trabalhando esta ou qualquer outra música em sala de aula, ouvi-la junto com os alunos. Seduzidos pela beleza da canção, envolvidos por sua atmosfera, os alunos já começam prestando atenção e gostando da atividade. Durante a aula, estarão sempre com a música na cabeça e trabalharão a letra pensando nela.

As letras de música são criadas especialmente para aquele fim. Podem ser lindas como um poema, mas dependem da melodia e do ritmo para viver integralmente.

Depois de ouvir a música, vamos conhecer a letra de Construção, de Chico Buarque, e pensar nas possibilidades educativas que ela traz.


Construção

(Chico Buarque, 1971)

Amou daquela vez como se fosse a última

Beijou sua mulher como se fosse a última

E cada filho seu como se fosse o único

E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina

Ergueu no patamar quatro paredes sólidas

Tijolo com tijolo num desenho mágico

Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado

Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe

Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago

Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado

E flutuou no ar como se fosse um pássaro

E se acabou no chão feito um pacote flácido

Agonizou no meio do passeio público

Morreu na contramão atrapalhando o tráfegoBr />

Amou daquela vez como se fosse o último

Beijou sua mulher como se fosse a única

E cada filho como se fosse o pródigo

E atravessou a rua com seu passo bêbado

Subiu a construção como se fosse sólido

Ergueu no patamar quatro paredes mágicas

Tijolo com tijolo num desenho lógico

Seus olhos embotados de cimento e tráfego

Sentou pra descansar como se fosse um príncipe

Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo

Bebeu e soluçou como se fosse máquina

Dançou e gargalhou como se fosse o próximo

E tropeçou no céu como se ouvisse música

E flutuou no ar como se fosse sábado

E se acabou no chão feito um pacote tímido

Agonizou no meio do passeio náufrago

Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina

Beijou sua mulher como se fosse lógico

Ergueu no patamar quatro paredes flácidas

Sentou pra descansar como se fosse um pássaro

E flutuou no ar como se fosse um príncipe

E se acabou no chão feito um pacote bêbado

Morreu na contramão atrapalhando o sábado


Primeira Leitura

A primeira coisa que precisamos saber é se a turma entendeu a letra. É certo que algumas palavras podem ser desconhecidas da maioria (embotado, pródigo, flácido), mas são poucas, e nada que comprometa a compreensão do todo. Pois bem: o que eles compreenderam?

Depois de ouvirem a música com a letra em mãos, pode ser uma boa hora para abrir uma pequena discussão:

- Que história a música conta?

- Que sentimentos ela desperta?

- O que lembra o formato do poema?

- Por que as coisas aconteceram daquela maneira?

Provavelmente esta última pergunta será a mais polêmica, e pode levar a uma discussão entre alunos com interpretações divergentes, ou mesmo causar uma grande interrogação geral na turma. Se eles dizem que "ninguém entendeu nada" (o que obviamente não é verdade), pode ser que acabem perguntando a você, professor: "Explica pra gente por que ele caiu do prédio!", "Ele se matou?", "Ele caiu porque estava bêbado?", etc. Todo o cuidado é pouco para não cair nessa armadilha. Se respondermos a todas as perguntas com a nossa opinião, reduzimos o texto a apenas uma interpretação "correta", e acabou-se a discussão.

Quem tem que interpretar o texto são os alunos, quem tem que contrapor outras opiniões são outros alunos. O papel do educador é apenas orientar a discussão, evitar excessos, fazer perguntas provocadoras, instigar a curiosidade e incentivar a imaginação da turma.

Outra possibilidade é pedir que produzam textos, individuais ou em duplas, interpretando a letra. Isto permite avaliar a capacidade de compreensão dos alunos, e a capacidade de expressar sua opinião e seus sentimentos. Isto é importante: não pedir que comentem apenas a história objetiva da letra, mas também que deem ênfase aos sentimentos que a música (letra + melodia + ritmo) despertou. "Como se sentiu ouvindo esta música?" é uma boa pergunta, aberta e sugestiva. As respostas podem ajudar a revelar as intenções ao autor e as mensagens que a música traz, para além da letra.

Seja como for, a primeira interpretação da letra não deve ser uma atividade muito extensa, para não traumatizar os alunos. Sabemos que nem sempre é fácil, para eles, interpretar um texto tão denso, tão poético, com tantos elementos.

Portanto, feita a primeira leitura e o debate (ou produção de textos), vamos em frente.

Desconstrução

Não é difícil perceber que Chico criou esta letra na forma de um poema concreto. Este tipo de linguagem poética se caracteriza pela atenção à forma, e não apenas ao conteúdo. O concretismo vale-se muito da chamada metalinguagem, ou seja, de referências ao próprio corpo do poema. Como se o poema fosse uma matéria concreta, seus elementos visuais e gráficos são tão ou mais importantes do que o significado das palavras. Deve-se considerar a sonoridade, a posição e a relação entre as palavras.

Se sua turma estiver estudando Poesia Concreta, esta letra representa um belo material para estudo. Mas não é preciso discutir o Concretismo para trabalhar a questão formal de Construção. O próprio exercício de interpretar o texto acaba nos levando, inevitavelmente, a descobrir suas características formais.

O título é a primeira pista. Ele não se refere apenas ao personagem central, que trabalha como operário numa obra. Na verdade, todo o texto é também uma construção, feita de tijolos e cimento, "num desenho lógico". Os tijolos são as palavras, que formam paredes de texto. As três estrofes são blocos que compõem um edifício literário.

É claro que isto também é uma interpretação (entre as infinitas possíveis), e é claro que ela não precisa ser "ensinada" aos alunos. Tudo deve ser descoberto por eles, numa investigação individual ou em grupo. A proposta é: desconstruir a Construção, trabalhando os pedaços do texto (versos, frases, palavras, estrofes) como se fossem objetos.

As estrofes

As estrofes são os grandes blocos do texto e da construção. Como blocos, podem ser manejadas de forma independente: lendo apenas uma estrofe, dá para entender toda a história. As estrofes também podem ser mudadas de lugar, e a mensagem permanece a mesma.

Por que, então, o autor optou por usar três blocos de texto, e não apenas um? Qual é a função das três estrofes?

Chama a atenção a repetição, nas três estrofes, do início dos versos:

Amou daquela vez...

Beijou sua mulher...

E cada filho seu...

E atravessou a rua...

Subiu a construção...

Etc...

Nas duas primeiras estrofes repete-se o início de todos os versos, na última estrofe repete-se apenas o início de alguns versos.

Por que Chico não usou o mesmo número de versos na terceira estrofe?

Talvez o andamento e a intensidade da música ajudem a responder a esta questão. Não podemos esquecer que a música também dá sentido à mensagem da obra. A forma como ela vai se tornando cada vez mais intensa, cada vez mais rápida e vertiginosa, é perfeitamente coerente com a história que conta: o crescendo da emoção que culmina com a queda livre.

A última estrofe seria equivalente ao final da história. Tão rápida e intensa quanto uma queda, ela não comporta sequer todos os versos. Dá para imaginar o personagem caindo do alto da primeira linha do poema e chegando ao chão na última palavra da última estrofe. A poesia concreta permite um diálogo assim visual com o texto (é a metalinguagem).

A última estrofe também pode ser interpretada como a base do edifício. Daí o seu formato diferente.

As palavras

O poema de Chico é uma verdadeira aula de Português. O que têm em comum as palavras que encerram todos os versos: bêbado, tímido, sólido, mágico, sábado, náufrago?

Sim, são todas proparoxítonas. O interessante é que o autor não precisa usar rimas para combinar os versos, pois o efeito sonoro das proparoxítonas, colocadas sempre na mesma posição dentro da melodia, funciona como se fosse uma rima.

Observando a segunda estrofe em relação à primeira, nota-se que a ordem dos versos permanece rigorosamente igual. O que muda são as palavras finais. As proparoxítonas, que funcionam gramaticalmente como adjetivos, se deslocam de um verso para outro, como tijolos que foram mudados de lugar. O resultado é que os versos mudam de sentido quando os adjetivos finais são outros. Por exemplo:

Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago (1ª estrofe)

Bebeu e soluçou como se fosse máquina (2ª estrofe)

O sentido da frase mudou completamente. Assim, apesar de conterem os mesmos elementos, a primeira e a segunda estrofe trazem mensagens diferentes. Porém, voltando à interpretação da letra como um todo, chega-se à conclusão de que não adianta mudar os tijolos de lugar. As impressões do personagem, sua relação com a realidade, continuam duras e opressivas, e o resultado final é igualmente trágico.

A disposição das palavras-tijolo também guarda alguns segredos para o observador mais atento. Nem todas as proparoxítonas finais da primeira estrofe se repetem na segunda, e vice-versa:

Que palavras estão na primeira estrofe e não estão na segunda?

Que palavras estão na segunda estrofe e não estão na primeira?

Qual é a única palavra que se repete no final de dois versos da mesma estrofe?

Que palavras aparecem na primeira estrofe, somem na segunda e reaparecem na terceira?

Que palavra aparece apenas na segunda e na terceira estrofes?

Que interpretação é possível dar para essas palavras "desgarradas" do poema?

Infinitas possibilidades se abrem para o trabalho com os alunos, de modo a fazê-los realizar a análise do texto de forma divertida e criativa.

Pode-se propor, por exemplo, que eles retirem, de todos os versos do poema, as últimas palavras. E reescrevam o texto usando outras proparoxítonas, que assumam a função de adjetivos nas frases.

Os versos

Os versos são todos construídos sobre um mesmo padrão rítmico, do início ao fim do poema. A melodia sofre pequenas variações, mas também é feita em cima de repetições. Como os tijolos de um edifício precisam estar sempre em mesmo número e sempre alinhados para que as paredes fiquem retas e firmes, também os elementos desta Construção são feitos de repetição e simetria.

A principal prova dessa simetria é a métrica do poema. Um bom desafio para os alunos é propor que contem o número de sílabas poéticas em cada verso. Será mais divertido se pedirmos para que cada aluno escolha um verso e conte em voz baixa.

Quando todos acabarem de contar, pedimos para que a turma fale em voz alta o resultado obtido: todos (ou quase, descontadas as falhas matemáticas ou de leitura) dirão: 14!

E

ca

da

fi

lho

seu

co

mo

se

fo

sse o

ú

ni

co

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

Para os que não chegaram a este resultado, devemos explicar que a versificação dos poemas obedece ao ritmo imposto pela métrica, sendo a divisão silábica, portanto, um pouco diferente. Versos aparentemente maiores do que outros contêm as mesmas 14 unidades silábicas quando são falados ou cantados. É o caso de:

co

meu

fei

jão

com a

rroz

co

mo

se

fos

se um

prín

ci

pe

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

Se ainda assim eles ficarem muito cismados, duvidando de você e do Chico Buarque, o jeito é tirar a prova: recitem (ou cantem) a letra em voz alta, contando nos dedos cada sílaba, do início ao fim dos versos.

Deus lhe pague

Se hoje podemos olhar com bastante neutralidade para uma letra de Chico Buarque, preocupados apenas com os significados internos da canção e com a forma do poema, nem sempre foi assim. Chico já era um nome nacionalmente respeitado da MPB nos anos 70, quando foi composta Construção. Suas músicas daquele período dialogavam diretamente com a situação política vivida pelo país: no ano de 1971, a ditadura militar estava no auge de seu período repressor. O presidente era o General Emílio Garrastazu Médici, e durante sua gestão (1969-1974) o país viveu os momentos mais violentos de restrição das liberdades individuais, perseguição e tortura de opositores e dissolução de instituições democráticas.

O caráter histórico de composições como Construção deve ser considerado para uma análise integral das obras. Da mesma forma, a disciplina de História do Brasil, ao estudar esse ou qualquer outro período, pode e deve valer-se das manifestações culturais da época.

Algumas das melhores composições de Chico Buarque nas décadas de 60 e 70 trazem mensagens claras (ainda que indiretas, para escapar da censura) de crítica à ditadura. É o caso de Meu caro amigo (1976), Apesar de você (1970), Acorda amor (que assinou com o pseudônimo Julinho de Adelaide, 1974), Roda viva (1967) e Deus lhe pague (1971), entre muitas outras.

Não é à toa que a gravação original de Construção traz, ao final da música, um trecho de Deus lhe pague. Vamos ler a letra desta canção e tentar compreender o que ela tem a ver com Construção:


Deus lhe pague

(Chico Buarque, 1971)

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir

A certidão pra nascer, e a concessão pra sorrir

Por me deixar respirar, por me deixar existir

Deus lhe pague

Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí"

Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir

Um crime pra comentar e um samba pra distrair

Deus lhe pague

Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui

O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir

Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi

Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir

Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir

Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair

Deus lhe pague

Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir

Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir

E pelo grito demente que nos ajuda a fugir

Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir

E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir

E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir

Deus lhe pague


E então? O que os alunos acharam desta letra? Somente a análise do conteúdo de Deus lhe pague já renderia várias aulas, não é? É o retrato da vida de um homem comum brasileiro daquela época.

O narrador está falando com alguém. Para quem ele está dizendo "deus lhe pague"?

Que trechos parecem se referir à repressão da ditadura?

Qual é a relação explícita entre as duas letras?

Quais são as relações implícitas?

O que parece claro é a intenção de mostrar que a tragédia individual do personagem de Construção não está separada da situação social e política do país.

Deus lhe pague poderia ser considerada um pano de fundo coletivo que explica, em parte, a tragédia individual de Construção? Ou não?

Na Internet é fácil encontrar uma série de sites sobre a ditadura militar, a sociedade brasileira daquela época, a MPB e suas diversas correntes (bossa nova, tropicalismo, música de protesto. Convide os alunos para fazer um trabalho multidisciplinar sobre esses temas!

De quebra, eles estarão conhecendo e aprendendo a gostar de um dos períodos mais férteis de nossa música.

Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/lportuguesa/index.html

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Semana de Arte Moderna

1. Onde e quando aconteceu a Semana de Arte Moderna?
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2. O que marca a Semana de Arte Moderna na literatura brasileira?
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3. Cite dois artistas participantes da Semana na:
a) Música: b) Literatura: c) Pintura:
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4. Cite dois livros publicados antes da realização da SAM, que de uma forma ou de outra, motivaram a realização da mesma.
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5. Além de declamação de poesia, o que mais foi apresentado nesses três dias?
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6. Cite os dois objetivos principais da Semana de Arte Moderna.
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7. Qual o nome do poema de Manuel Bandeira lido na SAM por Ronald de Carvalho?
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8. Em dezembro de 1917, Anita Malfatti realizou em São Paulo uma exposição de arte com cinqüenta e dois trabalhos que apresentavam forte tendência expressionista, dentre os quais “A estudante russa”.



Sobre a obra, é correto afirmar:

a) O tratamento realista que recebeu tornou-a alvo de críticas mordazes dos modernistas durante a exposição de 1917.
b) Revela o principal objetivo dos artistas modernistas brasileiros: a elaboração de obras de difícil compreensão para o público.
c) É resultado da busca de padrões acadêmicos europeus para a reprodução da natureza com o máximo de objetividade e beleza.
d) Marca o rompimento com o belo natural na arte brasileira, refletindo a liberdade do artista na interpretação do mundo.
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9. Na década de 20, anos pioneiros do modernismo, artistas como Brecheret, Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral expressaram em suas obras a visão de mundo daquele período. Observe as reproduções a seguir dos artistas citados e assinale a alternativa que corresponde aos conteúdos expressos pelos artistas.



a) Potência e força; malícia e sensualidade; brasilidade e imaginário popular.
b) Brasilidade e imaginário popular; religiosidade e espiritualidade; malícia e sensualidade.
c) Malícia e sensualidade; suavidade e lirismo; dramaticidade e ansiedade.
d) Brejeirice e volúpia; devoção e espiritualidade; potência e força.

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10. Assinale a alternativa que indica o nome do(a) artista que ilustrou a capa, reproduzida abaixo, para o Catálogo da Semana de Arte Moderna de 1922.
a) Emiliano Di Cavalcanti b) Mario de Andrade c) Victor Brecheret d) Anita Malfatti


11. Sobre a importância da SAM, analise os itens a seguir:
I. Representou a confluência de várias tendências de renovação;
II. Conseguiu chamar a atenção dos meios artísticos de todo o país e aproximar artistas com idéias modernistas que se encontravam dispersos.
III. Permitiu a troca de idéias e de técnicas, o que ampliaria os diversos ramos artísticos e os atualizaria em relação ao que se fazia na Europa. Estão corretas: a) I e II b) II e III c) I, II e III d) I e III
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12. Observe a obra “A Negra” de Tarsila do Amaral e responda às questões A e B.
A - Em “A Negra”, Tarsila estabelece um diálogo entre uma poética construtiva européia e uma das vertentes do modernismo brasileiro. São elas, respectivamente:
a) Cubismo e Movimento Pau-Brasil. b) Futurismo e Movimento Pau-Brasil.
c) Surrealismo e Movimento Antropofágico. d) Impressionismo e Movimento Antropofágico.

B - A partir da observação da figura, é correto afirmar que a obra apresenta:
a) Preocupação em retratar fielmente a realidade humana e social do país através de um tratamento formal naturalista.
b) Um afastamento da realidade física e humana do Brasil, a partir da adesão aos postulados e procedimentos das vanguardas históricas européias.
c) Características conservadoras contrárias às conquistas estéticas do Movimento Modernista.
d) Uma relação entre imaginário popular e procedimentos plásticos extraídos das vanguardas européias.


13. Sobre os manifestos ocorridos no Brasil após a SAM, enumere-os de acordo:
1. Pau-Brasil 2. Verde-Amarelismo 3. Manifesto Regionalista 4. Antropofagia
1. ( ) Início quando Oswald de Andrade lança o “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”.
2. ( ) Alguns participantes: Tarsila, Oswald, Mário de Andrade, Raul Bopp
3. ( ) Parte-se para a idolatria do tupi e elege-se a anta como símbolo nacional.
4. ( ) Objetivo desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste dentro dos novos valores do Modernismo.
5. ( ) Apresenta uma proposta de literatura vinculada à realidade brasileira, a partir de uma redescoberta do Brasil.
6. ( ) Criticava o nacionalismo “afrancesado” de Oswald de Andrade e apresentava um nacionalismo ufanista.
7. ( ) Aprofunda e amplia as propostas presentes em Pau-Brasil.
8. ( ) Participantes: Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Paulo Prado.
9. ( ) Inspirado no “Abaporu”.
10. ( ) “— A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. como somos.”
11. ( ) Proposta: trabalhar em prol dos interesses da região: social, econômico e cultural.
12. ( ) Propunham a devoração da cultura estrangeira, porém sem perder nossa identidade cultural.
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14. A polêmica Semana de 22, os escândalos no Teatro Municipal de São Paulo e as críticas ferozes levaram artistas e
intelectuais modernistas a criarem veículos representativos e de disseminação do ideário estético do Movimento
Modernista Brasileiro. Assinale a capa da publicação que registra o momento inicial de articulação daquele ideário.

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15. “Carnaval em Madureira” é parte integrante da fase Pau-Brasil de Tarsila do Amaral. Com base na obra e nos conhecimentos sobre o “Manifesto Pau-Brasil”, de Oswald de Andrade, é correto:
a) A obra de Tarsila do Amaral reflete profunda tristeza acerca da dura vida na favela, sendo esta mesma tristeza professada no “Manifesto Pau-Brasil”.
b) A Torre Eiffel no meio da favela reforça uma das idéias contidas no “Manifesto Pau-Brasil”: a arte européia sempre foi superior à arte brasileira.
c) Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade propõem uma arte ligada às raízes culturais brasileiras, não perdendo de vista a expressão artística moderna.
d) Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade criticam os costumes da população brasileira, vistos como fatores de atraso cultural.

16. Este quadro do repertório da arte brasileira deste século, adquirido por um colecionador argentino, recentemente esteve exposto em São Paulo, conforme foi amplamente noticiado pelos jornais. Assinale a alternativa correta.
a) Chama-se “Ababaçu” e é um dos melhores exemplos da técnica da aquarela da artista Anita Malfatti.
b) Foi pintado em 1929, chama-se “O Abaporu” e é de autoria da pintora Tarsila do Amaral, caracterizando-se como obra pertencente ao chamado movimento antropofágico.
c) É uma obra significativa apresentada na SAM de 22.
d) É uma obra polêmica, que provocou muitas discussões entre artistas e intelectuais.

17 Sobre a SAM, assinale V ou F:
1. ( ) O movimento modernista marcou a aproximação dos artistas brasileiros com a estética européia tradicional.
2. ( ) Ao apresentar os princípios da chamada arte moderna, a Semana de Arte Moderna marcaria uma importante ruptura cultural, que influenciaria a literatura brasileira moderna e a contemporânea.
3. ( ) Foi produzida por jovens artistas preocupados sobretudo em propagar os ideais do Futurismo.
4. ( ) Entre as propostas modernistas destacou-se, sobretudo na literatura, o engajamento com a história, em uma tentativa de se redescobrir a identidade do povo brasileiro.
5. ( ) Os modernistas, por levarem às últimas conseqüências a liberdade formal na escrita literária, desprezaram em suas obras o conteúdo.
6. ( ) O espírito acadêmico vigente na arte brasileira não contestou as propostas apresentadas na Semana de Arte Moderna.
7. ( ) O poema Os Sapos (de Manuel Bandeira), declamado durante a Semana de Arte Moderna, criticava os poetas parnasianos e a sua forma de fazer poesia.
8. ( ) Um dos objetivos dos promotores desse evento era escandalizar a sociedade, considerada retrógrada, reunindo um conjunto de obras e artistas inovadores.
9. ( ) A SAM queria lançar as bases de uma produção artística em moldes acadêmicos, pois no Brasil se valorizava tradicionalmente a produção cultural popular.
10. ( ) A SAM foi realizada no Teatro Municipal de São Paulo, apresentando novas idéias artísticas na poesia, na música e nas artes plásticas, com telas, esculturas e maquetes de arquitetura.
11. ( ) A SAM queria favorecer o contato com obras criadas na Europa, uma vez que no Brasil pouco se conhecia de arte, produzindo uma doutrina nos moldes europeus.
12. ( ) A SAM quis trazer ao País uma amostra das vanguardas européias, mediante a apresentação de obras de artistas estrangeiros.
13. ( ) Na principal noite da Semana, enquanto Menotti Del Picchia expunha as linhas e objetivos do movimento e Mário de Andrade recitava "Paulicéia Desvairada", eles foram aplaudidos de pé.
14. ( ) A Semana foi uma tomada de posição de jovens intelectuais paulistas a favor das práticas dominantes no país.
15. ( ) O programa do modernismo foi marcado pela rejeição das concepções estéticas e práticas artísticas românticas, parnasianas e realistas.
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18. Sobre a SAM podemos dizer que:
a) O romance regional assumiu características de exaltação, retratando os aspectos românticos da vida sertaneja.
b) A escultura e a pintura tiveram seu apogeu com a valorização dos modelos clássicos.
c) O movimento redescobriu o Brasil, revitalizando os temas nacionais e reinterpretando nossa realidade.
d) A preocupação dominante dos autores foi com o retratar os males da colonização.

Resumo de Português e Literatura

LEITURA

TEXTO 1

Senhora, partem tão tristes
Meus olhos por vós, meu bem,
Que nunca tam tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém.

Tam tristes, tam saudosos,
Tam doentes da partida,
Tam cansados, tam chorosos,
Da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tam tristes os tristes,
Tam fora d´esperar bem,
Que nunca tam tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém.

(João Roiz de Castelo Branco. In Rodrigues Lapa
As melhores poesias do Cancioneiro geral.
Lisboa 1939.p 128)


TEXTO 2

Coração, onde jouvestes
Que tam má noite me destes?

Toda a noite pelejei
Eu, que já mais não podia;
Busquei-vos, não vos achei;
Sem vós, eu só que faria?
Deste-mês dores de dia
Pólo que assi me fizestes;
De noite dores me destes.

(Sá de Miranda. In S. Spina, op.cit.p.190.)


COM RELAÇÃO AOS TEXTOS

1- Lendo com atenção o texto 1, você vai perceber que existe uma palavra, cuja repetição, na maior parte dos versos, por seu som semelhante a uma batida, é responsável pela marcação rítmica do poema (lembre-se de que não há mais acompanhamento musical).Qual é essa palavra?
2- Comparando o texto 1 ao 2, você vai perceber que em ambos existe uma palavra relativa a uma parte do corpo humano que representa a totalidade dele.Quais são essas palavras?Qual é a figura de linguagem que representa o todo pela parte?
3- Você deve ter percebido que os dois textos tem a mesma métrica.Qual é ela?
4- Quais os elementos que, no texto 1, revelam a herança trovadoresca? Que herança é essa?

O RENASCIMENTO

TEXTO 1

SONETO DO MAIOR AMOR

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida malaventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer – e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

(In Vinicius de Moraes, São Paulo
Abril, 1980 p. 34 – Literatura Comentada)

TEXTO 2

Amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente;
É um descontentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer ;
É um solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

( In Luis Vaz de Camões, São Paulo
Abril, 1980, p. 31 – Literatura Comentada)

COM RELAÇÃO AOS TEXTOS

1- De acordo com o que vimos quando estudamos Gêneros literários, qual é o nome da forma poética em que estão escritos os dois textos?


PRIMEIRA ÉPOCA MEDIEVAL

CLARA

Quando a manhã madrugava
Calma
Alta clara
Clara morria de amor.

Faca de ponta flor e flor
Cambraia branca sob o sol
Cravina amor
Cravina e sonha.

A moça chamada clara
Água
Alma
Lava
Alva cambraia no sol

Galo cantando cor e cor
pássaro preto dor e dor
um marinheiro amor
distante amor
e a moça sonha só
um marinheiro sob o sol
onde andará meu amor
onde andará o amor
no mar amor
no mar ou sonha

Se ainda lembra o meu nome
longe
longe
longe
onde estiver numa onda num bar
numa onda que quer me levar
para o mar de água clara
clara
clara
clara
ouço meu bem me chamar.

Faca de ponta dor e dor
cravo vermelho no lençol
cravo vermelho amor
vermelho amor
cravina e galos.

E a moça chamada clara
clara
clara
clara

alma tranqüila de dor.

( Caetano Veloso)

COM RELAÇÃO AO TEXTO

1- A “cantiga” de Caetano conta uma pequena história. Que história é essa?

2- Lendo com atenção, você percebe que há no texto duas vozes: a do poeta que “canta” a história de Clara e a voz da própria Clara, que chama por seu amor. Em que estrofes ouvimos a voz de Clara?

GRAMÁTICA

4- Assinale o vocábulo que contém cinco letras, quatro fonemas e duas sílabas.
a) estou b) adeus c) livre d) volto e) daqui

5- Assinale a alternativa onde há somente palavras com ditongos orais:
a) acordou/ estações/ distraído
b) coordenar/ Camboriú/ cidadão
c) falei/ família/ capitães
d) jamais/ atribui/ defendeis
e) comprimiu/ vieram/ averigúem

6- A única alternativa que apresenta palavras com encontro consonantal e dígrafo é:

a) graciosa
b) prognosticava
c) carrinhos
d) cadeirinha
e) trabalhava

7- As palavras cantei, cantam e cheiro apresentam, respectivamente:
a) ditongo crescente, ditongo crescente, ditongo crescente.
b) ditongo decrescente, ditongo decrescente, ditongo decrescente.
c) hiato, hiato, hiato.
d) hiato, ditongo crescente, ditongo crescente.
e) ditongo crescente, hiato, ditongo decrescente.

8- Explique a diferença entre:
a) Ele invocou o argumento precedente.
b) Ele invocou o argumento procedente.

9- Aponte o único conjunto onde há erro de divisão silábica:
a) flui-do, sa-guão, dig-no
b) cir-cuns-cre-ver, trans-cen-den-tal, tran-sal-pi-no
c) com-vic-ção, tung-stê-nio, rit-mo
d) ins—tru-ir, na-te-pas-as-do, se-cre-ta-ri-a
e) co-o-pe-rar, dis-tân-cia, bi-as-vó

10- Em que conjunto a letra x apresenta o mesmo valor fonético?
a) exame - exíguo- xale- exceção
b) exilar – exorbitar – próximo – excêntrico
c) sexo – tóxico – axilas - nexo
d) exalar – exonerar – queixa – hexacampeão
e) trouxe – texto – sintaxe – léxico

EXERCÍCIOS

1- separe as sílabas de todas as palavras da frase em que inicia o seguinte anuncio:


DÊ UMA
OLHADINHA
NOS PNEUS
DO SEU CARRO:
ELES PODEM
ESTAR PREMIADOS.


2- Transcreva, das palavras analisadas no exercício anterior, os dígrafos e os ditongos.

3- Identifique a cacofonia do cronista José Simão, no seguinte trecho:
“ {...} Vou dar de presente a minha mãe um cacófato: minha mãe come galinha e eu amo ela”.

4- Identifique as palavras que apresentam dígrafos:

psicólogo espanhol
depoimento lixo
melhor bicharada
corretor jornais

5- Classifique os grupos vocálicos das palavras:

iguais também
lua noite
água duas
coisa comprarão
levaram órgão

6- Indique três palavras para cada vocábulo, mudando apenas o fonema inicial: gato – lente – teia
( modelo: dor – pôr, cor, for )


7- Leia o poema transcrito abaixo:

TENSÃO

sem som
tem som?

não tem som
em sem som?

som tem cantem
em sem sem som
som, hem? sem tom
tudo som tem
se sem som sol tem
som tem dancem
tem o mesmo som cantem
tem tom.
( Rui Campos )


a) O poeta trabalha com a parte das palavras, construindo um jogo de significações.
Considere o som das expressões abaixo, e não apenas a grafia, para descobrir os dois sentidos possíveis de cada uma. Exemplifique-os.
Tensão – tem tom – sol tem
b) Pensando na muitas relações que podem existir entre as palavras ( semelhança, oposição, comparação, etc), que tipo de relação existe entre o título do poema e os três últimos versos?

REDAÇÃO

DESCRIÇÃO - NARRAÇÃO - DISSERTAÇÃO

É possível identificarmos, no texto escrito, elementos descritivos, narrativos e dissertativos. A narração e a descrição aparecem, freqüentemente, num mesmo texto. Se você está contando uma viagem ( narração ), provavelmente incluirá características dos lugares que visitou, das pessoas que conheceu ( descrição ). E, se você terminar esse mesmo texto com uma reflexão sobre a importância do lazer na vida das pessoas, estará incluindo um elemento dissertativo. Mesmo assim, podemos dizer que sua redação é uma narração, pois há predomínio de características narrativas.
No livro Senhora Dona do Baile, a autora Zélia Gattai faz um relato de uma viagem que fez ao Leste europeu, em 1948. Leia alguns trechos:

Situados a quarenta quilômetros de Praga, na localidade de Dobris, o Castelo dos Escritores era, sem tirar nem pôr, uma cópia em miniatura do Palais de Versailles. Apenas não possuía as dimensões gigantescas do palácio de Luís XIV. Seus jardins e parques também haviam sido copiados a capricho dos famosos jardins de Versailles. Suntuosos salões de festa, bibliotecas bem sortidas, salas de jogos com mesa de bilhar, galerias ostentando quadros de caça e cabeças de veados embalsamados, penduradas pelas paredes, luxuosos aposentos, sessenta ao todo. O castelo de Dobris estava agora a disposição dos escritores tchecos.

( Zélia Gatai, Senhora Dona do Baile, Rio de Janeiro: Record. 1985,p. 57-93